Opinião

Ouçamos a voz das urnas!

I – Açores
124.114 foram os eleitores Açorianos que depositaram o seu voto nas urnas distribuídas de Santa Maria ao Corvo para efeitos do processo eleitoral do passado domingo. Estes eleitores, que perfizeram uma participação eleitoral de 54%, fizeram as suas escolhas. O PS, que concorreu sozinho nos 19 municípios dos Açores, foi o partido que teve mais votos (cerca de 53 mil como média dos 3 boletins); conquistou mais câmaras (9) e obteve mais mandatos (54) para as câmaras municipais; mais mandatos para as Assembleias municipais (158) e mais mandatos para as assembleias de freguesia (567). Isto significa que foi uma grande vitória do PS? Não! Foi uma vitória apenas aritmética. E a questão é política… O PS, face às autárquicas de 2017, perdeu votos para todos os órgãos autárquicos e, consequentemente, perdeu 3 câmaras e muitos mandatos (acima de 80 no total). Como consequência política direta do sufrágio teremos, ao que corre já nos bastidores, José António Soares a preparar-se para suceder a Cristina Calisto na liderança da AMRAA.

II - Ponta Delgada
Os Ponta-delgadenses escolheram o projeto liderado por Pedro Nascimento Cabral. Já tive oportunidade de felicitar pessoalmente o próximo Presidente da maior autarquia dos Açores. Como sabem, não era esta a solução que entendia melhor servir Ponta Delgada. Integrei, com tremendo orgulho, o projeto do Partido Socialista sob a batuta do amigo e camarada André Viveiros. Era essa a melhor opção para o futuro de Ponta Delgada. Os eleitores, maioritariamente, não concordaram comigo. Teremos, por isso, mais 4 anos de PSD. Caminhamos, assim, para um “reinado laranja” de 32 anos. O termo deste “reinado” está, como sempre esteve, nas mãos do PS. Mas será preciso ousar fazer diferente. Será preciso decidir atempadamente. Será preciso fazer pontes e unir esforços. A política portuguesa, desde as legislativas nacionais de 2015, mudou o paradigma. A opção pelo caminho da geringonça mudou as “regras” do jogo… Continuo, por isso, sem perceber a aversão a coligações à esquerda...

III - São Sebastião
Para além de ter integrado a lista do PS à Assembleia Municipal (onde darei o meu melhor por Ponta Delgada), tive especiais responsabilidades no projeto apresentado pelo PS em São Sebastião. Assumo, por inteiro e em exclusividade, o resultado. Não consegui implementar a estratégia e o guião adequado. O objetivo passava, em primeira linha, por ter mais votos e mais mandatos do que nos últimos atos eleitorais. Falhei ambos. Tive, por isso, uma considerável derrota. Agradeço, publicamente, o trabalho desenvolvido pela amiga Célia Pereira e restante equipa. Foram inexcedíveis. A escassez de votos é-lhes totalmente alheia!

IV – Lisboa
A capital é uma cidade que me diz muito. Acompanho, por isso, com redobrada atenção todas as incidências políticas que vão ocorrendo por ali. Os meus amigos e colegas de curso diziam-me, desde o anúncio da candidatura do Carlos Moedas, para não dar a vitória do Fernando Medina por garantida. Confesso que nunca lhes dei grande crédito. Em jeito de réplica, respondiam-me que a imagem que eu tinha era de uma Lisboa para turista e que a surpresa podia vir dos residentes e da não resolução dos problemas do dia-a-dia. E não é que tinham razão?